quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Padre Hilário Dick escreve para PJ NE2





Assim como a grande maioria de vocês não me conhece, eu também não conheço vocês, mas quero dizer-lhes que, bem antes de nascerem, vocês já moravam em mim. Meus 75 anos querem dizer-lhes três coisas:

1. Não esqueçam a vocação profética da juventude. A profecia está fraca em nossa Igreja. Como dizia D. Helder, “não a deixem morrer”. A profecia vincula-se ao compromisso com os pobres. Assim c
omo fora dos pobres não há salvação, longe dos pobres não existe profecia. O mesmo vale também ao cultivo do protagonismo juvenil, da autonomia e do empoderamento, um dos tendões de Aquiles de nossa Igreja que parece gostar mais de ovelhas submissas do que de cabritos/as que sobem montes.

2. Não deixem que a conjuntura eclesial enterre nossa memória histórica. Os jovens do Brasil e, especialmente do Nordeste, tem uma história rica que não pode ser empurrada para o esquecimento. A Sagrada Escritura é memória. Um dos frutos do autoritarismo é a tentativa de fazer que o povo (a juventude) não saiba falar de sua história.

3. A cruz do Papa e a Virgem estão percorrendo o Brasil. Não deixem que este fato, este evento, este espetáculo seja algo macabro, superficial, tétrico e somente sentimental. Lembrem-se que a cruz verdadeira é aquela que vem das terras e das inspirações de Israel. A cruz do extermínio e dos desrespeito aos jovens, em toda a América Latina, não pode virar festa, mas deve ser uma denúncia sempre mais ouvida.

Amadas e amados, que sejam de vida para a juventude as conclusões da Assembleia de vocês. Depende muito de vocês que a Igreja volte a ser e seja profética; que a Jornada Mundial da Juventude seja mais dos/as jovens no Rio de Janeiro e em toda a parte; e que os debates da Campanha da Fraternidade de 2013, sobre Juventude, superem de longe o texto/base que nos foi encaminhado. Não vivamos da aparência nem de um protagonismo espiritualizante, somente de imagem e que esquece a organização, o exercício do serviço-poder e as diferentes realidades sociais. Construamos uma Igreja (não só jovem), que tenha a coragem de acreditar na autonomia das pessoas, isto é, em pessoas e jovens que sejam realmente protagonistas e rejeitem qualquer manipulação, também aquela vestida de um discurso religioso.

A todos o meu abraço e minha bênção.

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